terça-feira, 7 de julho de 2015

A EMBRIAGUEZ DA RAZÃO

Você me fascina
Com esse teu olhar
Se de mim aproxima
Eu fico sem ar

Você me incomoda
Me deixa encabulada
A cabeça toda roda
Mas eu fico calada

É o cálice do desejo
A embriaguez da razão
Da alma em cortejo
Que se rende à paixão

É o grito da emoção
Sufocado num beijo
E o corpo em combustão

Explode o coração!


domingo, 14 de junho de 2015

Sonhei-te

Sonhei-te tão perto,
que as mãos dos meus lábios
quiseram te tocar,
mas não te alcançaram!
És tão árido deserto...
Quisera eu banhar-te
com as lágrimas do meu oásis,
mas ao cair na tua areia elas secaram.
A escuridão do teu sentir é tão grande,
nem mesmo a luz contida
no recôndito dos meus olhos
pode atingir a profundidade
do teu abismo e iluminar-te!
Ah! como eu queria derreter o gelo
que cobre esse teu corpo
com as pernas do meu rio,
te envolver com minhas curvas
caudalosas, e te agasalhar...
Mas preferiste as ondas
do teu salgado mar,
e, indiferente,
evadiu-se de mim!


sábado, 13 de junho de 2015

DEIXA-ME PROVAR DO TEU MEL

Para você me perfumo
com sândalo e jasmim,
De paixão me consumo,
Te preparo um festim...

Com pétalas de rosas me enfeito,
Na boca, a sedução do carmim,
Colar de pérolas no peito,
Na pele, a maciez do cetim...

E assim, eu sigo os teus passos,
Não me deixe sozinha, ao léu,
Vem, me arrebata em teus braços,
Deixa eu provar do teu mel!


POR QUERER-TE

De tanto querer-te, entreguei-me a esta paixão crua
Na ânsia desnuda e cega de poder ser tua,
O que vi pela frente foi deserto
De afagos e sonhos mortos à céu aberto.

De tanto querer-te, entreguei-me a esta solidão nua
Guiei-me pelo brilho das estrelas e da lua,
Entrei em um túnel sem saída
E não consigo te tirar da minha vida.

De tanto querer-te, entreguei-me a esta saudade sua
E te procurei pelos becos da tua rua,
Encontrei apenas uma estrada sem fim
E por querer-te tanto, eu esqueci de mim!



CONTRADIÇÕES

Eu te espero como quem espera a noite,
Como a grama verde que abre os braços
para receber o orvalho,
Como o hibisco que espera a primavera,
e pende o seu pistilo para o beijo do colibri,
Como o céu azul que lá de cima
contempla a bravura do mar...
Será mesmo verdade que
no horizonte podem se encontrar?
Há entre eu e você um abismo significativo
de dúvidas e desencontros,
Contradições nos separam...
Então busco em mim
o que perdi em ti...
Porque tudo aquilo que eu preciso e me completa,
nunca esteve em ti...
Está unicamente dentro do meu vasto universo 
interior!


terça-feira, 2 de junho de 2015

Palavras ao vento

Queria escrever algo tão bonito
que tivesse as cores da aquarela,
Expressar teu ser, de maneira simples, singela,
Te emoldurar e te contemplar em uma tela!

Mas, as palavras não cabem num pedaço de papel,
Então, decidi jogá-las ao vento,
Para que cheguem até você a contento,
E te contem sobre este meu lamento...

Como folhas que o vento dissipa,
Como pétalas lançadas se esvaem,
Sem direção, soltas como a pipa,
Perdidas já não sabem onde caem!

Pode ser que a ti não digam nada,
Ou quem sabe, sejam doces como mel,
Mas pode ser que eu esteja enganada,
E a ti vão irritar, te  amargar como fel.

 Espalhadas podem trazer desordem,
Misturadas, perdidas e jogadas ao léu,
Caberá a você juntá-las, por em ordem,
Arrumando-as sobre um pedaço de papel.

Pode ser que perturbem teu pensamento,
Quando disserem a ti do meu tormento,
Te façam pensar em mim por um momento,
Ou talvez, sejam apenas palavras ao vento!



Passageiro da Esperança

Quem és tu, passageiro da esperança, que minha alma tanto procura?
Ai de mim, tão pequenino, só de longe posso olhar
Sou um pássaro a cantar, nos galhos secos de um ipê
Canto triste, solitário, lá do alto a contemplar
Aquele que te busca tão sedento por ternura,
Entretanto, tão ligeiro, você passa e não me vê
Até quando um coração há de aguentar tanta tortura?
Já passaste, tão depressa, e não posso te alcançar
Lanço ao ar este meu canto, que a ti há de chegar
E num mágico encanto, te tocar com doçura
Te trazendo aqui de volta, pra que eu possa te encontrar
Eu, um simples passarinho, solitário a te esperar! 

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Gotas que vivificam

Ouço a chuva caindo lá fora,
E só de ouvi-la, eu me sinto realizada!
Há esperança de vida,
nem tudo está perdido!
Choram os céus pela insensatez do ser humano,
Mas mesmo assim, suas lágrimas nos acolhem!
Regam os áridos jardins do homem egoísta,
Rolam pelas florestas, pelos desertos e prados
perdidos, esquecidos,
que agonizam no colo da mãe Terra
que jaz moribunda,
sem a seiva da vida, o leite mirrado
no seu seio de miséria!
Já se perguntou: Por que os urubus no
galho das árvores abrem suas asas
quando chove?
Abraçam-nos gotas que vivificam,
Nem tudo está perdido!



TEU OLHAR

Ah!  O teu olhar...
que me examina,
que me fascina,
que me seduz,
e me induz,
a pensar coisas
que não posso dizer!

Ah!  O teu olhar...
que me ilumina,
que me fulmina,
que me deduz,
e me conduz,
a desejar coisas
que eu não posso fazer!


Como um inseto preso
que se debate na teia,
Fujo desse olhar aceso,
Porque ele me incendeia!
Incontrolável desejo
Razão ou emoção?
O que fazer então?


Se ouvir o coração,
Vou roubar-lhe um beijo,
Mas se escutar a razão,
Abro mão desse desejo,
E vou me libertar
De tudo o que senti...
Ao encontrar teu olhar,
Eu me perdi!



Madrugada de Poeta

Bem-vinda madrugada,
o poeta te recebe de braços abertos.
Para no encanto da noite enluarada,
De caneta na mão, no papel tecer seus versos.

As estrelas brincam no céu como crianças,
Saltitantes jogam amarelinha,
O poeta brinca com as palavras,
na sua incompletude escreve esperanças,
E se completa em cada entrelinha.

Na visão do poeta tudo é belo, até mesmo a escuridão,
O pio da coruja, o cricrilar do grilo,
Tudo traz inspiração, sem escrúpulos nem sigilo,
Também relata em seus versos, as ciladas da paixão.

O poeta é um criador de sonhos madrigais...
As ideias são vaga-lumes que acendem e apagam o pensamento
E no sombrio acaso das auroras matinais,
Descreve em estrofes, o desgosto e o contentamento.







TRANSUBJETIVIDADE

Fecho os olhos, não sofro,
Não é a minha sina.
Nada sinto, porque o sentimento é externo a mim.
Meu eu interno é subjetivo e egoísta.
Externo a mim, 
há uma polifonia multi sideral de outros eus que me completam.
Então, mergulho nas palavras...
Escrevo para suprir a demência,
Completar a ausência,
As palavras falam por si.
Elas sim, são sábias!
Cada um interpreta como quer.
Porque o poeta, muitas vezes, não quis dizer nada,
Quis apenas escrever, para vencer a madrugada!




SIMPLICIDADE

Eu gosto do cheiro do mato,
Da relva molhada que lembra alecrim,
Do orvalho respingado no campo,
Tal qual cristais cravados no capim.

Eu gosto do cheiro da terra,
Que a chuva molha e deixa barrenta,
Da poeira do chão que se espalha no ar,
Que gruda na pele e a gente lamenta.

Da escuridão da noite, do céu estrelado,
Diamantes raros prateando a imensidão,
Da lua cheia dourada que clareia a estrada,
Que ilumina a alma e preenche a solidão.

Das flores coloridas e variadas,
Da diversidade de borboletas,
Do voo beijoqueiro dos colibris,
Do cricrilar dos grilos nas madrugadas.

Das cigarras fazendo algazarra,
De acordar com o cantar do galo,
Da sinfonia diversificada dos pássaros,
Da vida simples e descomplicada!